10/07/16

O Jogo das Andorinhas: Morrer, Partir, Retomar - Zeina Abirached

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O Jogo das Andorinhas: Morrer, Partir, Retornar

Zeina Abirached nasceu no Líbano, em 1981. Viveu os primeiros dez anos da sua vida em Beirute, uma cidade debaixo de fogo, destruída por uma sangrenta guerra civil.

"A Dança das Andorinhas" retrata uma noite na vida das famílias que habitam um prédio na zona este de Beirute, perto da linha divisória da cidade: de um lado, as tropas muçulmanas, apoiadas pela Síria; do outro, as milícias cristãs, apoiadas por Israel.
Com grande sensibilidade e humor, a autora evidencia o contraste entre a realidade exterior hostil de uma cidade destruída pela guerra e a intimidade protetora do espaço familiar, mesmo que esse espaço esteja confinado ao átrio de um prédio onde os inquilino se reúnem sempre que a cidade é fustigada pelas bombas.
Um relato da realidade de uma cidade devastada pela guerra e das pessoas que tentam (sobre)viver e levar uma vida tanto quanto possível normal, contado com grande originalidade gráfica, ternura e humor.

Há quem estabeleça um paralelo entre o trabalho de Z. Abirached e o de Mariane Satrapi, autora de “Persépolis”. Esta última, no entanto, tal como é dito no prefácio de João Miguel Lameiras, “ (…) tem um âmbito mais alargado, traçando o destino do Irão, desde a queda do Xá e o triunfo da Revolução Iraniana (…). Já Reina Abirached limita o âmbito da sua história à sua rua, cortada ao meio pela zona de demarcação, e ao prédio onde vivia (…).
Também em termos gráficos, as diferenças são óbvias, apesar de ambas trabalharem o preto e branco. (…) Zeina A. utiliza a sua experiência do design para criar um estilo sintético, altamente estilizado, em que a influência da arte bizantina se cruza com os teatros de sombras chinesas, aspeto que a representação bidimensional e a repetição hipnótica dos cenários acentua. Mas o ponto alto do trabalho de Z.Abirached é o seu sentido narrativo e de planificação, que lhe permite controlar com mestria o tempo da narrativa, através de soluções tão simples como inesperadas”.

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