09/06/11

Sobre a pobreza intelectual de (alguns) professores!

Há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo. (Confúcio)

Por estes dias, a palavra que mais se ouve é "crise". Portugal está em crise... pelos vistos, vai haver menos dinheiro e mais pobreza! 
A pobreza não é uma coisa agradável de se ver. No entanto, pior que a pobreza material, é a pobreza espiritual, a pobreza de ideias!
Vem este pensamento a propósito do meu dia de hoje, o último da minha acção de formação sobre os Novos Programas de Português do Ensino Básico. Como sempre, no final, procedemos à apresentação dos trabalhos. Foi nessa altura que a coisa se deu: durante a dita apresentação, apercebi-me, com alguma decepção, de que a maior parte dos trabalhos, feitos pelas minhas colegas professoras, eram meras cópias de actividades que aparecem nos manuais de Língua Portuguesa! Originalidade? Zero! Criatividade? Zero! Foi muito mais fácil, e rápido, ir aos manuais escolares copiar "receitas didácticas" e colá-las num qualquer «trabalho pessoal», do que usar a criatividade para apresentar ideias novas, sugestões de actividades com cunho original, fruto da reflexão pessoal!
A ausência de ideias próprias foi tal que um dos grupos de trabalho chegou ao ponto de apresentar um powerpoint que, afinal, tinha sido feito por mim e publicado num dos meus blogues! As "colegas", para além de nem se aperceberem que o autor estava mesmo ali ao seu lado, ainda tiveram a desonestidade intelectual de retirar o meu nome da apresentação, substituindo-o pelo delas! 
Eu não queria acreditar! E depois vão para a sala de professores com a ladainha do costume, a dizer que os alunos só sabem fazer copy/paste nos seus trabalhos! Pudera! Seguem o exemplo das suas professoras!
Saí da Formação bastante decepcionado! Não tive coragem de lhes dizer que o powerpoint era meu e que não deveriam ter apagado o meu nome e colocado o delas! Não quis que me pudessem vir a acusar de estar a querer desvalorizar o trabalho delas para, assim, valorizar o meu! Não!
Mas mais do que isso, MUITO mais do que isso, o que realmente me entristeceu foi ver a ausência de ideias próprias daquelas professoras, a sua incapacidade para criar coisas novas, para não seguir cegamente o que outros propõem realizar com os alunos, na sala de aula, e, em vez disso, serem elas a imaginar essas actividades, criarem-nas, darem-lhe forma e cor... no fundo, ver nos alunos pessoas minimamente inteligentes, a quem devem ser apresentadas actividades atractivas e intelectualmente estimulantes! 
Um autêntico deserto de criatividade! Que pobreza de ideias! Depois, não se queixem dos alunos e do seu desinteresse e desmotivação!
Para compensar, revi mentalmente as pessoas inteligentes e intelectualmente estimulantes que tenho conhecido ao longo destes dezasseis anos de actividade docente... e foram muitas! Foram elas que me fizeram acreditar e dar valor às ideias próprias, à criatividade e à inteligência pessoal. Bem haja por existirem! Sem elas, o meu dia teria sido bem mais triste!