24/12/16

é natal

"Mas é Bonito" - Geoff Dyer

Mas é Bonito by Geoff Dyer
My rating: 4 of 5 stars

Mas é Bonito

A partir da música de alguns dos maiores músicos de jazz (Charles Mingus, Thelonious Monk, Bud Powell, Art Pepper, Chet Baker, entre outros), e a partir de fotografias de músicos e formações, Geoff Dyer improvisa e ficciona oito pequenas histórias que funcionam, em conjunto, como um romance. Segundo o autor, a obra resulta, assim, da mistura factos reais e ficção.

A escrita de Dyer é uma espécie de “jam session” de estímulos visuais, auditivos e registos biográficos. Foram escolhidos alguns dos mais famosos instrumentistas do jazz (o livro não trata de cantores - embora tb apareça Billie Holiday) e alguns pequenos episódios das suas vidas são ora abordados com honestidade, ora respeitosamente inventados em pequenos textos cheios de lirismo, amor ao jazz e competência literária.

São oito pequenas histórias, contadas em "zapping", que mostram, num estilo muitas vezes poético e subjetivo, os retratos de alguns gigantes do jazz e das suas vidas (mais ou menos) extasiantes, atormentadas, trágicas…

"Se depois de ler umas páginas não tiver curiosidade de escutar os protagonistas no seu habitat natural é porque algo não está bem."


View all my reviews

04/12/16

"coisas de adornar paredes" - josé aguiar

Coisas de Adornar Paredes by Jose Aguiar
My rating: 4 of 5 stars

Coisas de Adornar Paredes

15º vol. da coleção "romance gráfica brasileiro", editada pela Polvo.

José Aguiar é desenhador, argumentistas e editor. é, também, um dos criadores da "Cena HQ", um projeto onde se adaptam/leem/representam histórias aos quadradinhos (HQ) no palco de teatro.
já recebeu alguns prémios pelo seu trabalho.

este livro conta a estória de um autor de HQ, (personagem/meta-autor) que temporariamente trabalha numa fábrica de azulejos. nas pausas laborais, troca impressões com dois colegas sobre as estórias que desenhou. ao longo da obra, há, pois, 2 linhas narrativas: as pequenas estórias (sobre coisas que adornam paredes) encaixam na história principal do livro, que é a sua tentativa de arranjar um editor para essas estórias
em todas essas pequenas estórias, há um tema comum: as paredes e as "coisas" que nelas as pessoas colocam - desde os tempos das cavernas, o homem pinta "coisas" nas paredes ou pendura nelas quadros/fotografias/imagens-de-santos, não só para "marcar território", mas também para enfrentar o Tempo)

quanto à parte gráfica, gostei:
. do cuidado posto na escolha do enquadramento e ângulo
. do desenho meio estilizado
. de não haver limites nas vinhetas (o que cria, por vezes, sobreposições pictóricas inusitadas, mas muito agradáveis)
. das composições/vinhetas que ocupam uma página inteira

uma leitura/visualização muito agradável


View all my reviews

22/11/16

HUMAN - Yann Arthus-Bertrand



What is it that makes us human? Is it that we love, that we fight ? That we laugh ? Cry ? Our curiosity ? The quest for discovery ? 
Driven by these questions, filmmaker and artist Yann Arthus-Bertrand spent three years collecting real-life stories from 2,000 women and men in 60 countries. Working with a dedicated team of translators, journalists and cameramen, Yann captures deeply personal and emotional accounts of topics that unite us all; struggles with poverty, war, homophobia, and the future of our planet mixed with moments of love and happiness.


In order to share this unique image bank everywhere and for everyone,


HUMAN exist in several versions : 

A theatre version (3h11) , a tv version (2h11) and a 3 volumes version for the web

CONTACTS

Office Yann Arthus-Bertrand : Yann2@yab.fr

Project manager: jessica@human-themovie.org
Head of international screenings and distribution : lara@human-themovie.org
French events and non-commercial distribution : event@human-themovie.org

Official website HUMAN : http://www.human-themovie.org 

For further contents, visit http://g.co/humanthemovie

Enjoy and share #WhatMakesUsHUMAN


26/10/16

O Buda dos Subúrbios - Hanif Kureishi

O Buda dos Subúrbios
My rating: 5 of 5 stars

O herói do primeiro romance de Hanif Kureishi é Karim, um adolescente-jovem-adulto sonhador, desesperado por abandonar os subúrbios do sul de Londres e experimentar os frutos proibidos que a época de finais de 1970 tinha para oferecer em Inglaterra (o fim dos hippies, o aparecimento do punk e da new wave, a liberdade da experimentação de estilos de vida alternativos - em termos sexuais e sociais...). É a estória do seu percurso desde os subúrbios de Londres (o anonimato) até ao centro da cidade, em paralelo com uma ascensão social e, sobretudo, cultural (torna-se num conhecido ator de teatro, chegando a representar em Nova Iorque).

Não me vou pôr a spoilar em demasia. Prefiro, antes, referir o quanto me agradou a leitura deste romance.
É o 4º livro que leio de H. Kureishi (pai paquistanês e mãe inglesa - tal como a personagem principal que é tb o narrador). Este foi, no entanto, o que mais gozo me deu a ler. Quero mais!

Algumas opiniões alheias sobre esta obra (com as quais concordo em pleno, porque a definem bem):
. «Altamente irreverente, mas também genuinamente emocionante e verdadeiro. E muito, muito divertido.» (Salman Rushdie)
. «Um romance maravilhoso. Duvido que vá ler um com mais humor, ou com mais coração, este ano, ou mesmo possivelmente nesta década.» (Angela Carter, Guardian)
. «Um romance perversamente divertido.» (New York Times)
. «Genialmente divertido. Um romance revigorante, anárquico e deliciosamente livre.» (Sunday Times)
.«Uma voz distinta e talentosa — jovial, inteligente, viva e pungente.» (Hermione Lee, Independent)
(retirado da contracapa)

View all my reviews

16/10/16

Shifted - For Closure [2016]

música do dia:




"Uma Dor Tão Desigual" - coletânea de contos


Uma Dor Tão Desigual (contos)
My rating: 4 of 5 stars

Li um conto por dia.

Gostei do conceito: livro que resulta de um desafio feito a vários autores portugueses para que explorassem as fronteiras que definem a saúde mental e o que dela nos afasta.

Gostei do resultado: em estilos muito diferentes, oito escritores brindam-nos com textos que mostram como qualquer um de nós pode viver momentos difíceis, com consequentes dores psicológicas. Uma coletânea de estórias de perda, solidão, fraqueza e delírio, mas também de esperança e humanidade. São relatos de gente que podíamos conhecer e talvez conheçamos…

1. Síndrome de Diógenes - Afonso Cruz (3*)
A estória de Abdul-Rahman, que “recolhia das ruas tudo o que era objeto sem interesse, sem propósito, aquilo a que chamamos lixo…”, inventando depois estórias para cada um dos objetos recolhidos. Pelo meio, algumas reflexões filosóficas e alusões a obras literárias.
Não gostei tanto da escrita como da dos magníficos “Para onde vão os guarda-chuvas” ou “Vamos comprar um poeta”.

2. A Outra Metade - Dulce Maria Cardoso (4*)
A narradora conta-nos a estória do seu amigo, apaixonado por Luís, um obeso que conseguiu reduzir o seu peso para metade, mas que era “pago para se exibir na Internet em sites gay”, embora tivesse “um casamento feliz”.
Não conhecia a autora. A sua escrita foi uma agradável descoberta.

3. Josef - Goncaço M. Tavares (4*)
A estória de Josef, o esquizofrénico, contada numa escrita surrealista que tão bem espelha a confusão/agitação/não-linearidade do espaço interior da personagem.
Gostei da escrita de G.M.Tavares neste conto. O mesmo não posso dizer de “Uma menina está perdida neste século à procura do seu pai”, o único livro que li dele. Há qualquer coisa de kafkiano na escrita deste autor (digo eu…)

4. Jaca - Joel Neto (5*)
A estória de Rui e dos seus “desentendimentos” familiares, num jantar de Natal.
Primeiro contacto com a escrita de Joel Neto. Uma agradável (agradabilíssima) surpresa. Gostei do ritmo da narrativa, da sensibilidade do narrador e da prosa poética qb.
Aqui no GR não falta quem apregoe o quão bons são os seus livros. Depois deste conto, vou, certamente, querer ler outros textos deste autor.

5. Chameada de Pássaros - Maria Teresa Horta (3*)
70 % prosa poética + 30 % de poesia narrativa.
A estória de Marta, que engravidou sem saber ao certo se foi, de facto, para a cama com o pai da criança ou se imaginou essa ida (terá sido com um Anjo?). A depressão profunda e douradoura de que sofre fá-la desinteressar-se pela filha, Cassandra, a criança que tudo faz para ser amada pela mãe e que, no final, se transforma num bando de pássaros (pelo menos é assim que a veem os alucinados olhos maternos…)
Gostei da irreverência formal do texto. Não gostei do estilo: demasiado poético! (Reconheço, no entanto, mérito e competência literária à autora).

6. Jogo Honesto - Nuno Camarneiro (5*)
A estória de um homem que, aos 39 anos, viu terminado o seu casamento - a mulher deixou-o, abruptamente, sem que nada o fizesse prever. Cai numa profunda depressão e, como trabalha num laboratório, consegue desenvolver uma técnica para produzir um comprimido de cianeto igualzinho aos da aspirina. Acaba por suicidar-se.
Outra agradável surpresa. Não tinha lido nada deste autor. Quero conhecer melhor a sua obra.

7. Da Impossibilidade de ser livre - Patrícia Reis (4*)
A estória de uma mulher que se sente terrivelmente perdida, depois de ter sido abandonada pelo marido. Ao fim de 25 anos de casamento, não consegue adaptar-se à sua nova “vida”, sem o marido e com dois filhos adolescentes. No final, ele regressa a casa, depois de uma ausência de quase quatro meses. O texto é a narração, na primeira pessoa, da conversa com a psicóloga, nas quatro consultas que teve durante o tempo em que o marido esteve fora de casa.
Não conhecia a autora. Nunca lera nada dela. Gostei do estilo da sua prosa.

8. Ela só tinha uma oportunidade - Richard Zimler (4*)
O conto mais comprido desta coletânea é o do escritor norte-americano naturalizado português R. Zimler. Narra a estória de Benni, que, com 75 anos e depois da morte da esposa, se fecha em casa para não ter de se relacionar com ninguém (agorafobia? depressão?) O narrador - o seu filho - acaba por nos revelar como foi a vida do seu pai nos guetos de Varsóvia, durante a ocupação Nazi da Polónia.
A prosa é simples e agradável. A leitura é fácil. (Mais) um autor a conhecer melhor.

Conclusão: é tãooo bom descobrir novos autores e ficar com vontade de os conhecer melhor! :)

View all my reviews

28/09/16

"Tungsténio" - Marcello Quintanilha

TungsténioTungsténio by Marcello Quintanilha

Marcello Quintanilha nasceu no Brasil, mas mora em Barcelona. Em 2002 recebeu - e aceitou - um convite para participar numa coleção de álbuns que retratassem as principais cidades brasileiras. A si, coube-lhe Salvador, a cidade onde decorre a ação desta HQ.
No prefácio, Quintanilha explica que o tungsténio «é o metal com o ponto de fusão mais alto que se conhece», como quem admite ser a natureza inquebrável das vidas comuns o tema central deste livro, em que se sucedem as situações e peripécias que colocam à prova «a capacidade dos personagens de forçar a dureza do metal do dia a dia a ponto de rompê-lo». No choque com a dita «dureza do metal», há quem saia maltratado, há quem maltrate, há quem sobreviva.

À sombra do Forte de Nossa Senhora de Monte Serrat, em Salvador (Bahia), dois homens decidem fazer uma pescaria com explosivos e desencadeiam uma cascata de acontecimentos que acabarão por juntar as personagens centrais do livro: um traficante de canábis que passa informações à polícia; um sargento aposentado, com nostalgia dos seus tempos de atividade militar; um polícia de grande coragem, sobretudo debaixo de fogo; e a sua amante desiludida, em vias de concretizar uma separação que nunca passou de ameaça.

Além de ser um enérgico retrato da violência urbana, Tungsténio consegue captar fielmente o falar das ruas, cheio de corruptelas e solecismos. As pranchas são dinâmicas, com espaço para a interioridade das personagens (sobretudo a de Keira, a amante). O traço é limpo e expressivo, ao serviço de histórias que se interpenetram, numa montagem paralela a fazer lembrar o cinema. A estruturação a nível do argumento permite uma narrativa coesa, apesar da ação ter lugar simultaneamente em localizações distintas.

Em termos visuais, realço o desenho realista, com pormenores expressivos e individualizados em algumas personagens, mas pleno de pequenos traços estilísticos que aumentam essa aproximação ao real (a atenção para com o “peso” real dos corpos humanos sob a forma de suor, lágrimas, a focalização em gestos isolados e pessoais, os diálogos orais, urgentes, verídicos, e as onomatopeias)
O traço de Marcello Quintanilha revela-se sobretudo nas cenas de ação e no movimento dos corpos, mas é na expressão dos rostos e no retrato da cidade que o autor se agiganta.
O esgar da raiva ou do desespero das personagens confunde-se com o riso e o riso transforma-se em dor. A representação das emoções permanece ambígua, sempre contra a paisagem da praia, das ruas apertadas, das estradas desertas ou inchadas de trânsito.
O autor insiste em colocar as personagens num lugar, num espaço real. Não sendo uma BD “documental”, alimenta-se da realidade brasileira. Há alusões à ditadura militar, à pobreza e à desigualdade social, e a violência estala em quase todas as páginas.

Depois de ler “Talco de Vidro” e “Tungsténio”, começo a olhar para M.Quintanilha como um caso sério de HQ made in Brasil.

View all my reviews

18/09/16

"Geração A" - Douglas Coupland


Geração AMy rating: 4 of 5 stars

Oitavo livro que leio de D. Coupland (o escritor de quem mais obras li). Os dois primeiros romances, “Geração X” e “Inforscravos”, fazem parte, ainda hoje, da lista “os livros que mais gozo me deram a ler”.

As suas estórias são rocambolescas e muito, muito atuais. Nelas, abundam figuras que se arrastam num mundo hi-tech de ”fast-food" e Internet e Ikea e Lego e celebridades vácuas; e consumo, consumo e mais consumo (com algum existencialismo); e marcas e mais marcas; e coisas, e objetos, e mais marcas de coisas e de objetos.
Tudo isto pode parecer gratuito ou uma mera provocação pós-moderna, mas a verdade é que Coupland retrata a sociedade materialista e consumista americana de um modo que, de início, me encantou e que, vinte anos depois, ainda continua a fazer nascer finos sorrisos de prazer-na-leitura.

Em ”Geração A", Coupland apresenta-nos um mundo distópico, onde as abelhas foram extintas, com o consequente “crise de polinização” que trouxe inúmeros problemas alimentares (a fruta, por exemplo, é um bem raro…). Logo no início da obra, cinco personagens são picadas em partes diferentes do planeta (EUA, Canadá, Sri Lanka, França e Nova Zelândia). Na sequência, são levados para um Centro de Pesquisas, a fim de serem cobaia de testes para determinar a causa das picadelas.
Há uma nova droga, o Solon, que cria, em quem a consome, uma vontade de estar só, uma espécie de disposição antissocial… as picadelas tornam-se, afinal, no primeiro passo para o fim do Solon (solidão/individualismo vs sociabilidade). É uma imagem, um símbolo, para um mundo que o autor considera estar a desagregar-se.
"Geração A" talvez queira ser uma chamada de atenção - o mundo está à beira da desagração e há pessoas mesmo ao nosso lado, enquanto nos isolamos em territórios e espaços quer digitais quer analógicos.

Tenho para mim que D. Coupland é uma espécie de mix de pop art + beat generation. Não sei bem explicar porquê.

View all my reviews

31/08/16

"Dança, Dança, Dança" - Haruki Murakami

Dança, Dança, Dança
SINOPSE:

Em Dança, Dança, Dança, Haruki Murakami continua a trajectória da 
personagem de Em Busca do Carneiro Selvagem, agora à procura do seu antigo amor que desapareceu misteriosamente do Hotel Golfinho. Nessa nova busca, o narrador, um jornalista freelancer, perde-se cada vez mais num universo de realismo fantástico, quase kafkiano, envolvendo-se com personagens verdadeiramente singulares: uma adolescente clarividente, um actor de cinema extravagante, um poeta maneta e prostitutas de luxo.
Ambientado em Tóquio, este romance aborda temas como a solidão, o amor e a efemeridade da vida e retrata uma sociedade em constante transformação, altamente consumista e regida por valores como a fama, o dinheiro e o poder. Ao som de músicas dos anos 60, 70 e 80, o narrador e os seus amigos acabam por se envolver num caso de homicídio.

"Dança, Dança, Dança" surge na sequência/continuação de "Em Busca do Carneiro Selvagem". Embora o protagonista seja o mesmo, há novas  personagens: um ator desesperado, uma adolescente com visões, uma fotógrafa de sucesso que é uma mãe ausente, um escritor sem sucesso que é um pai ausente, um pintor sem um braço, polícias, prostitutas… Em todas elas há uma mistura de realismo e fantasia, de solidão existencialista com surrealismo poético. O surreal é, aliás, um dos “recursos” que Murakami sabe usar com mestria e (quase) sem limites.

Murakami, além de escrever sedutoramente, é um escritor absolutamente inesperado. Cada uma das suas estórias é fruto de uma imaginação riquíssima, de uma ideia que, à partida, pode parecer descabida, chegando ao ponto de um leitor mais “racional” poder achar o livro demasiado longe da realidade, demasiado fantasioso.
Apesar de sair fora do padrão habitual do que se escreve, a verdade é que Murakami fala de pessoas e retrata-as de uma forma profunda. A personagem principal (tb narrador participante autodiegético) é um homem solitário, na casa dos 30. A estória inicia-se com a necessidade deste homem ir à procura da sua namorada, da qual se separou no livro anterior. Esta procura condu-lo, novamente, ao misterioso Hotel Golfinho e transforma-se numa busca espiritual de si mesmo, do sentido da sua vida e de como a há de construir.

Gostei da solidão das personagens, da estranheza das estórias, da relação sonho/realidade e das constantes referências à literatura, à música, à culinárias, às bebidas…
Gostei da escrita: simples, direta e “arejada”, num registo perto da oralidade (o narrador parece estar ao nosso lado, a falar connosco, a contar-nos as suas estórias - o recurso a “frases feitas” (por opção da tradutora?) e a um tom coloquial acentua este ar de “conversa” entre narrador e leitor). Os recursos estilísticos não são tão frequentes como noutros romances que li de Murakami, mas sobretudo as comparações continuam imensamente expressivas.

“Se existe um universo kafkiano, terá necessariamente de existe um mundo harukiano.”

My rating: 4 of 5 stars


View all my reviews

22/08/16

"Teoria Geral do Esquecimento" - José Eduardo Agualusa

Teoria Geral do Esquecimento
My rating: 4 of 5 stars

A ação principal gira em torno de Ludo – uma portuguesa que foi morar para Luanda com a irmã, que se casou com um viúvo angolano. Com a revolução, irmã e cunhado voltam para Portugal, mas ela fica sozinha, em Angola. Apavorada por um assalto mal sucedido e para evitar uma possível ocupação do apartamento onde vive, constrói um muro na porta, determinada a não sair nunca mais. O seu auto-isolamento irá durar quase trinta anos.

A forma como as estórias das várias personagem se cruzam e entrelaçam agradou-me bastante. Há vários outros personagens e estórias (ações secundárias) no livro que são, aparentemente, díspares, mas que vão se conectando à estória de Ludo com uma exatidão incrível!

Este romance é tecido, pelas hábeis mãos do autor, numa mistura de imaginação, vida real e vida coletiva de Angola, desde a independência até aos dias de hoje. Agualusa revela qualidades inegáveis como romancista. Como o próprio diz: “um homem com uma boa história é quase um rei.”

Por outro lado, este é um livro que fala sobre memória e esquecimento, sobre pessoas que foram esquecidas e outras que desejam arduamente serem esquecidas, e ainda da reconstrução de si mesmo - enquanto pessoa ou país. No fundo, não importa quem são os bons e os maus, quem vai ou não para o inferno ou para o paraíso, no final, são todas pessoas...

Ludo também me parece uma excelente metáfora para uma África que, por muito tempo, ficou presa atrás de uma parede imaginária de guerras do lado de lá e olhos fechados e indiferença do lado de cá.

A escrita de José Eduardo Agualusa não é poética, mas enlaça-nos com suavidade e acabamos por nos entregar às suas palavras com puro deleite, porque é o que recebemos dela. Ganha-se pela beleza da narrativa, pela escolha inusitada das palavras e das metáforas.

Tive sempre uma sensação positiva ao longo de todo o livro, apesar dos muitos relatos de vidas menos felizes. Deve ser um dom - é um dom - escrever cada linha e sair uma surpresa, imaginar uma estória e chegar a quem lê, arrancando um sorriso das situações mais inesperadas e por vezes de verdadeira miséria. Tratar os conflitos com alguma ironia, descrever a situação política sem os dramas do costume, resumir tudo às pessoas, à vida, ao sol que vai voltar sempre a nascer. Esperança, felicidade nas pequenas coisas, valores positivos que se revelam no meio do ódio, das guerras, dos crimes.

“Não foi para isso que fizemos a Independência. Não para que os angolanos se matassem uns aos outros como cães raivosos.” (p.152)


View all my reviews

19/08/16

"O Deserto dos Tártaros" - Dino Buzzati

O Deserto dos Tártaros My rating: 5 of 5 stars

Giovanni Drogo, protagonista da obra, é um jovem tenente destacado para a fortaleza Bastiani, na fronteira do deserto de um país que não sabemos ao certo qual é. Drogo espera cumprir aí as suas obrigações militares durante quatro meses e depois ser transferido para a cidade.
Na fortaleza, soldados e oficiais vivem à espera de um possível ataque dos Tártaros, embora haja quem acredite que tudo seja apenas lenda e que tais habitantes não existem. O que importa é que eles são uma possibilidade. É preciso que existam para a dar sentido à vida daqueles homens. É a esperança que mantém Giovanni preso àquele lugar, enquanto sonha com a invasão dos Tártaros e com a hipótese de fazer algo grandioso, ainda que possa morrer na batalha.

Drogo permanece no forte por mais de trinta anos, sem que nada de excecional aconteça. No final, acaba por adoecer e é então que, do deserto, surge finalmente o tão esperado e desejado ataque à fortaleza, embora o leitor não chegue a saber se são realmente os Tártaros ou outro povo invasor, porque o protagonista, contra a sua vontade, é mandado de volta para a cidade, a fim de restabelecer a sua saúde. Durante o regresso, aloja-se numa estalagem que encontra no caminho e enfrenta a morte próximo à janela do quarto, enquanto olha as estrelas. Assim termina o romance.

A imensidão do deserto e a vida rotineira da fortaleza acabam por contaminar o tenente Drogo, que acabará a sua vida sem nada ter realizado, “prisioneiro da própria ilusão”. O espaço harmoniza-se com o personagem: o deserto e a fortaleza tornam-se a metáfora da solidão do tenente, sempre mais voltado à contemplação que à ação.
A vida inteira de G. Drogo é marcada pela solidão: ele está sempre só, não tem amigos e parece viver “fechado em si mesmo num mundo onde as comunicações foram cortadas”, na esperança vã de se tornar um herói, caso a invasão dos Tártaros realmente viesse a ocorrer. No fundo, sente a necessidade humana de dar sentido à vida e o desejo de imortalidade através da glória (militar, neste caso).

Este é também um romance sobre o Tempo e o que com ele fazemos (ou não!) durante a nossa existência. Durante a leitura, embrei-me várias vezes do “carpe diem” horaciano. A vida é breve, há que aproveitá-la!

“(…) mesmo após o final da leitura, não se consegue evitar aquele vazio, um vazio incerto, uma pontada na alma ressoando silêncios, uma certeza de que não estamos completos.”

há livros que são lições de vida

View all my reviews

07/08/16

"A Última Palavra" - Hanif Kureishi


A Última PalavraMy rating: 4 of 5 stars

Mamoon é um famoso escritor indiano que vive em Inglaterra. Com mais de 70 anos, a sua reputação não está no melhor momento: as vendas de seus livros decaíram e sua nova mulher, Liana, tem gostos um tanto extravagantes, que tornam a vida do casal financeiramente insustentável.

Harry, jovem e ambicioso escritor, é contratado para traçar uma biografia que salve a carreira - e, sobretudo, a conta bancária - de Mamoon. Como admirador do autor, quer fazer um bom trabalho e tenta descobrir / retratar o homem por detrás do seu herói literário.

Rob, o editor da biografia, espera um livro polémico, com intrigas pessoais que gerem manchetes escandalizantes e levem Mamoon de volta à ribalta (e às vendas!).

Para levar a cabo a sua tarefa, Harry passa largas temporadas na casa de Mamoon, no campo, e terá de empenhar todo o seu poder de persuasão para entender a constelação de personagens da vida surreal de Mamoon. Os dois autores entrarão num embate pela última palavra, que será também o “debate entre a impetuosidade da juventude e as fragilidades da velhice”.

"Romance com reflexões sagazes e contundentes sobre o ofício literário, o mundo editorial e a construção de uma biografia."

View all my reviews

03/08/16

"Kong The King" - Osvaldo Medina

Kong The KingKong The King by Osvaldo Medina
My rating: 5 of 5 stars

Baseado na clássica estória cinematográfica de King Kong, mas com algumas alterações que lhe dão um ar mais atual e contemporâneo, Osvaldo Medina fez um grande trabalho com esta novela gráfica: contar uma história exclusivamente em imagens sem qualquer recurso a texto (são 148 páginas apenas com desenhos/ilustrações e sem uma única palavra). É obra!

Foi a primeira vez que li um livro assim (há leitura sem palavras?). Deliciei-me com a incrível capacidade de O. Medina para narrar visualmente uma estória. Talvez isso tenha a ver com o facto de ter “trabalhado em animação (…) tornando-se depois responsável pelos storyboards e arte conceptual de várias séries”.

Mesmo sem palavras, esta leitura não foi, de modo algum, maçadora. Uma vez terminada, apeteceu-me voltar atrás para (re)mergulhar na obra e (re)descobrir (novos) pormenores.

Para saber mais sobre a obra e o autor, ler esta entrevista: http://bongop-leituras-bd.blogspot.pt...

View all my reviews

02/08/16

"Breakfast at Tiffany's (boneca de luxo)" - Truman Capote

Breakfast at Tiffany's (Boneca de Luxo)
My rating: 5 of 5 stars

"Breakfast at Tiffany’s (Boneca de Luxo)" conta uma história de amizade entre dois vizinhos: um aspirante a escritor e uma aspirante a atriz (Holly, uma verdadeira “boneca” que não deixa indiferentes aqueles com quem se cruza).

O narrador é o vizinho de Holly, uma mulher meio tresloucada, ingénua, inconsequente, sedutora, deslumbrante, espirituosa, vulnerável, e cuja conduta, por vezes, pode roçar o reprovável. Não é clara a localização da fronteira entre a sua ingenuidade e a sua intencionalidade em criar, perante os homens que a assediam, uma imagem que a envolva, esconda e proteja. No entanto, Truman Capote leva o leitor a não julgar a protagonista, “preferindo” antes que este a compreenda.

A ação decorre em Nova Iorque, que Truman Capote descreve com a extrema simplicidade e objetividade. Não há palavras a mais, nem descrições em excesso. As personagens são bem construídas e a escrita é limpa e sem floreados (mas com muitos recursos estilísticos que espelham a genialidade literária do autor).

Foi o segundo livro que li de T. Capote e já tenho outros à espera, na prateleira. É um bom exemplo de como poucas páginas (118) são suficientes para contar uma boa história.
O livro pode ser lido de uma assentada, vontade não faltará. Não ficará a perder, caso o faça, dado o brilhantismo e o ritmo da escrita/narração da própria ação.

Conclusão: Truman Capote é um GRANDE escritor!

View all my reviews

29/07/16

O Som e a Fúria - William Faulkner

O Som e a FúriaO Som e a Fúria by William Faulkner
My rating: 5 of 5 stars

Esta é, sem dúvida, uma obra singular, na sua narrativa complexa e original, na polifonia de vozes do discurso narrativo (um narrador diferente em cada uma das quatro partes do livro), no zapping discursivo que nos "baralha" quer na ação, quer no espaço, quer, até, no tempo (as inúmeras analepses e prolepses contribuem, e muito, para esta "indefinição").
Ou seja, não é um livro que se leia descontraidamente, antes pelo contrário.

No entanto, somos recompensados pela linguagem de Faulkner: a sua prosa poética, sobretudo nos momentos de descrição, é de uma beleza estonteante! Deliciei-me com as figuras de estilo que utiliza (sobretudo metáforas, comparações, hipálages, personificações, animismos, polissíndetos, adjetivação expressiva...).

Não foi fácil entrar neste livro, mas quando se chega ao fim, saímos com a sensação que tivemos algo valioso entre mãos.

View all my reviews

23/07/16

Eu, Assassino - Antonio Altarriba e Keko


My rating: 5 of 5 stars

Do mesmo autor, li, há algumas semanas, "A Arte de Voar". Gostei muito, mas gostei ainda mais deste! Daria 6*, se fosse possível :)

Eu, Assassino

"Eu, Assassino" conta a estória de Enrique Rodriguez, professor universitário de História da Arte, no País Basco (há reflexões sobre Arte; há referências à ETA e aos seus ataques terroristas… a morte também convive com a política!). Defensor de teorias controversas relacionadas com as obras dos grandes mestres espanhóis, é, ao mesmo tempo, um assassino em série. Os homicídios que leva a cabo, de forma convicta e metódica, são encarados como se de uma arte se tratasse (dá, a cada um dos seus assassínios, um nome/título, como se fosse um quadro).

Encontramos aqui “uma extensa reflexão sobre as atitudes do ser humano, da paixão à inveja, do valor das relações ao seu aproveitamento, ao ritmo do progressivo isolamento de Rodriguez em torno de si próprio e da sua pulsão assassina, com a pintura clássica espanhola e os meios académicos como pano de fundo.
Obra densa e complexa, provocadora e estimulante, traçada num preto e branco fortemente contrastante, rasgado cirurgicamente em detalhes a vermelho vivo (…).” (retirado de: http://asleiturasdopedro.blogspot.pt/... )

Podemos ver o book trailer em https://vimeo.com/115992905


Sobre os autores:

Antonio Altarriba é escritor, ensaísta e, acima de tudo, argumentista reputado, além de catedrático de literatura francesa da Universidade do País Basco, tendo obtido, em Espanha, o Premio Nacional del Comic em 2010 com A Arte de Voar, um relato baseado na vida do próprio pai, o qual percorre um século da história de Espanha. Tanto como autor ou como divulgador, Antonio Altarriba é uma figura central na história da banda desenhada espanhola. O seu trabalho mais recente, a publicar em 2016, em Espanha, é La Madre Manca, uma obra dedicada à figura da sua mãe.

Sob o pseudónimo Keko esconde-se José Antonio Godoy, artista madrileno que deu os seus primeiros passos em revistas como Madriz ou Métal Hurlant. Discípulo de Will Eisner e de Alberto Breccia, este mestre do preto e branco soube criar um estilo próprio caracterizado  por um traço conciso e o uso do negro para criar diferentes atmosferas. Em 2002 publica 4 Botas, o qual recebeu o prémio de Melhor Obra no XXI Salão Internacional de Banda Desenhada de Barcelona. Divide o seu trabalho artístico entre a BD, a ilustração e a publicidade, com publicações em El PaísEl MundoABC, Rolling Stone ou FHM.

View all my reviews

21/07/16

Cidades da Noite Vermelha - William S. Burroughs



Cidades da Noite Vermelha

Cidades da Noite Vermelha é um romance que mistura, numa linguagem direta, visceral e crua, temas tão polémicos (e recorrentes no autor) como sexo, drogas, exploração sexual, violência.

Neste livro cruzam-se duas estórias: uma, passada no séc. XVIII,  que narra a viagem de navio que leva os seus tripulantes a um novo mundo, regido pelos “Artigos” de James Mission (que antecederam em 100 anos os princípios da Revolução Francesa). A outra decorre no séc. XX, quando um detetive privado tenta descobrir o que está por detrás da morte de um jovem assassinado.

No entanto, o livro é constituído por outras estórias e outras personagens, que surgem numa espécie de zapping narrativo no qual, por vezes, é difícil perceber em que estória estamos.
Não é um livro “com princípio, meio e fim” e com uma sequência lógica. Por vezes, dei por mim a perguntar: “Mas quem é esta personagem? A que história pertence? De onde veio?”.

A escrita de Burroughs é pouco convencional. Ainda que encontremos uma grande criatividade, o facto de não contar uma história linearmente (por contrário, os capítulos que vamos lendo parecem nem sequer ter ligação entre si) só baralha quem tenta desbravar esta escrita densa e, por vezes, sem sentido.

É um livro diferente na estrutura narrativa, pois incorpora "variadíssimos níveis de linguagem e diferentes meios de expressão artística" (vd sinopse).

Para se ler com tempo e com concentração.

My rating: 4 of 5 stars

View all my reviews

17/07/16

Um Cisne Selvagem e Outros Contos - Michael Cunningham

Um Cisne Selvagem e outros contos
My rating: 4 of 5 stars

O autor de As Horas e Uma Casa no Fim do Mundo escreveu esta coletânea de contos que são reinvenções de contos tradicionais transformados em fábulas com um aroma de modernidade.
À medida que vamos lendo as estórias, vamos reconhecendo as personagens e a fantasia que conhecemos na infância: a Bela Adormecida, a Bela e o Monstro, João e o Pé de Feijão, o Soldadinho de Chumbo, os anões e as bruxas. Porém, se nos clássicos as estruturas narrativas são estanques (e os bons perfeitamente distinguíveis dos maus, tal como os finais sempre felizes), nestas recriações de Cunningham há sempre surpresas - incluindo, a fechar, um único final feliz, o mais bizarro porque destoa do tom dominante, sombrio e quase realista dos outros contos.

Como escreveu o Independent, na maioria destas versões não há grandes conclusões nem soluções mágicas que tudo curam. De certa forma, o que Cunningham faz nestas histórias que quase sempre encerram uma lição moral (embora nunca uma moral redentora, mas com frequência uma moral amarga e até relativamente “amoral”) é dar-lhes uma coloração mais lúcida e realista, ou seja, mais pessimista e também mais verdadeira, subvertendo o clássico remate “e viveram felizes para sempre”, na consciência de que a vida é difícil e todos, sem exceção, têm as suas “dívidas cármicas” (digamos assim) para saldar e resolver, não estando ninguém na verdade autorizado a pensar que tem o direito a ter uma vida simples e fácil.

É a originalidade na maneira de recontar as histórias (ou de as continuar, como sucede com Branca de Neve, que se entedia com o seu príncipe fetichista) que faz da leitura uma experiência divertida e estimulante - seja quando o autor se centra nos heróis, seja quando explora as razões e emoções de um vilão. Aqui, todos são simplesmente humanos - até a bruxa da Casinha de Doces -, cujas vidas difíceis (tramadas, como as nossas) quase justificam as suas maldades.

E há, ainda, as ilustrações de Yuko Shimizu.

5* para imaginação do autor e para a sua mestria literária.

View all my reviews

10/07/16

O Jogo das Andorinhas: Morrer, Partir, Retomar - Zeina Abirached

My rating: 5 of 5 stars

O Jogo das Andorinhas: Morrer, Partir, Retornar

Zeina Abirached nasceu no Líbano, em 1981. Viveu os primeiros dez anos da sua vida em Beirute, uma cidade debaixo de fogo, destruída por uma sangrenta guerra civil.

"A Dança das Andorinhas" retrata uma noite na vida das famílias que habitam um prédio na zona este de Beirute, perto da linha divisória da cidade: de um lado, as tropas muçulmanas, apoiadas pela Síria; do outro, as milícias cristãs, apoiadas por Israel.
Com grande sensibilidade e humor, a autora evidencia o contraste entre a realidade exterior hostil de uma cidade destruída pela guerra e a intimidade protetora do espaço familiar, mesmo que esse espaço esteja confinado ao átrio de um prédio onde os inquilino se reúnem sempre que a cidade é fustigada pelas bombas.
Um relato da realidade de uma cidade devastada pela guerra e das pessoas que tentam (sobre)viver e levar uma vida tanto quanto possível normal, contado com grande originalidade gráfica, ternura e humor.

Há quem estabeleça um paralelo entre o trabalho de Z. Abirached e o de Mariane Satrapi, autora de “Persépolis”. Esta última, no entanto, tal como é dito no prefácio de João Miguel Lameiras, “ (…) tem um âmbito mais alargado, traçando o destino do Irão, desde a queda do Xá e o triunfo da Revolução Iraniana (…). Já Reina Abirached limita o âmbito da sua história à sua rua, cortada ao meio pela zona de demarcação, e ao prédio onde vivia (…).
Também em termos gráficos, as diferenças são óbvias, apesar de ambas trabalharem o preto e branco. (…) Zeina A. utiliza a sua experiência do design para criar um estilo sintético, altamente estilizado, em que a influência da arte bizantina se cruza com os teatros de sombras chinesas, aspeto que a representação bidimensional e a repetição hipnótica dos cenários acentua. Mas o ponto alto do trabalho de Z.Abirached é o seu sentido narrativo e de planificação, que lhe permite controlar com mestria o tempo da narrativa, através de soluções tão simples como inesperadas”.

26/05/16

recognizable as human

"Random International’s “Study for Fifteen Points” is a 15-legged kinetic artwork. Tipped with white LED lights, the piece’s movements are an experiment with the minimal amount of information necessary for an animated form to be recognizable as human."


( retirado daqui )

07/05/16

ÉDEN - Mia Hansen-Love (2014)

"Na década de 90, Paul dá os primeiros passos na cena noturna de Paris. Apaixonado por música, cria com o melhor amigo a dupla de DJ "Cheers". Encontram rapidamente o seu público e conhecem uma ascensão vertiginosa, eufórica, perigosa e efémera. Envolvido por esta paixão, Paul esquece-se de construir uma vida. ÉDEN faz-nos reviver a euforia dos anos 90 e a história do French House (...)."



estive a ver, durante a tarde de hoje.
houve partes que me tocaram particularmente... como se me estivesse a ver ao espelho!


 

23/04/16

dia mundial do livro

comemora-se hoje o dia mundial do livro.
os livros são bons. fazem-nos sonhar.
não vivo sem livros.






04/03/16

coimbra bd e shaun tan

durante a tarde, fiz uma visita à coimbra bd . encontrei bons livros por lá. trouxe estes dois, de um autor que admiro bastante: shaun tan





24/02/16

surpresa do dia

comprei hoje em DVD, convencido de que era um filme de animação. é muito mais que isso! é um filme feito com imagens reais, misturadas com bonecos esculpidos e pintados à mão!
uma história sobre o poder dos khmers vermelhos, no camboja, e a sua ideologia de criação de uma sociedade nova, com base na igualdade e prosperidade... mas não foi isso que aconteceu!
muito fixe a maneira como o realizador nos conta a sua história!




20/02/16

the history of typography - ben barrett-forrest (2013)

A paper-letter animation about the history of fonts and typography.
291 Paper Letters.
2,454 Photographs.
140 hours of work.
Created by Ben Barrett-Forrest



08/02/16

X-Dream - the 1st



Nano technology
Cryonic suspension
DNA mapping
Cloning a human
Mutant cybernetics
Merging man and machine
Euphoric neural nets
Versus synthetic logic regime

Cyborg informatics
Redrafting bodies
Artificial intelligence
C31 operations coding
Multiple databases
Umbilical network
Breath engine
Indestructible heart

We are the first of cyber evolution
We are the first to program your future
We are the first of cyber evolution
We are the first, we are the last (x2)


(repeat)

03/02/16

bibliófilo confesso

li·te·ra·tu·ra 
(latim litteratura-ae)
substantivo feminino
1. Ciência do literato.
2. Conjunto das obras literárias de um país ou de uma época.
3. Disciplina que estuda obrastemas e autores literários.
4. Escritos narrativoshistóricoscríticosde eloquênciade fantasiade poesiaetc.
5. Conjunto de textos sobre determinado assunto (ex.: literatura científicaliteratura de divulgaçãoliteratura técnica). = BIBLIOGRAFIA
5. Folheto que acompanha um medicamento ou outros produtosde conteúdo informativo sobre composiçãoadministraçãoprecauçõesetc.


"literatura", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/literatura [consultado em 03-02-2016]