23/12/14

ânsia

para S.:

tenho a cegueira nas mão, na ânsia de encontrar as tuas

cavo novos buracos enquanto tento fechar velhos fossos
numa urgência de vida que traz consigo a morte

mergulho na tua sombra à procura da luz. o teu sol declina
não quero a tua escuridão. já tenho a minha

deslizo na lâmina da dor quando dela quero escapar
a voar 

tens silêncios de arame farpado que riscam o fogo do meu tórax
viro gelo. as garras no nada a esgravatar o frio

construo o vazio na ânsia de o preencher

pressentimos ao longe o dialeto do mar: essa voz em movimento que sussurra a imutabilidade

coimbra, 23.12.14
os versos em itálico foram retirados de O Nome das Árvores, de Rui Fragas



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